O texto abaixo é de autoria do poeta maranhense Maranhão
Sobrinho (18/9-1915), composto numa São Luis do início do
século XX, periodo de intenso debate intelectual sobre o
resgate do valor literário maranhense, no cenário nacional do
século XIX.
Leia, com atenção, o texto poético para responder à questão
que segue.
Ânsia inocente
Ai! Como bom para nós dois seria
Se o bom Deus, dessas lendas milagrosas,
Cheio de amor, nos concedesse um dia
Dois brancos pares de asas vaporosas!
Não sei mesmo, de alegre, o que eu faria!
Deixando os lírios e deixando as rosas,
feliz contigo às nuvens subiria
para o noivado em flor das nebulosas...
na carícia de pluma de uma Trova.
Viveriamos nos, nos dois sozinhos,
La nas terras fieis da Lua-Nova...
Morrer longe dos homens e das casas
se Deus nos desse, como aos passarinhos,
Dois brancos pares de travessas asas!
Fonte: SOBRINHO, Maranhão. Papéis Velhos... Roídos pela Traça do
Simbolo. São Luis: Tipografia Frias, 1908.
A voz poética, explorando possibilidades expressivas
propostas no Simbolismo, revela a existência de
a) saudade intensa da amada, o que faz o eu-lírico buscá-la
nos sonhos, evidenciada nos versos da última estrofe.
b) expressão de desejo de morrer, uma vez que o locutor
vive distante da amada, anunciada, sobretudo, nos versos
da segunda estrofe.
c) dialogo entre o enunciador e um interlocutor imaginário
em que aquele expressa o desejo de ambos
transcenderem como dois anjos, sobretudo, nos versos
da primeira estrofe.
d) referência constante aos milagres da vida eterna, em que
o enunciador busca o amor infinito, metaforizado pelas
palavras do último verso da terceira estrofe.
e) ideia expressa de sonho materializado, em que o locutor
demonstra ja ter vivenciado essas viagens nebulosas,
sobretudo, nos versos da terceira estrofe.