Uma das propriedades do narrador é, por meio das falas
dos personagens, revelar determinada visão de mundo.
Leia os fragmentos, sob essa perspectiva, para responder à
questão 09.
))
Ultimamente, sem saber como, (Pedro) havia perdido, um a
um, OS seus lápis de cor, só lhe restando agora, com uma
velha caixa vazia [...), a saudade das horas que passava à
mesa da varanda desenhando e pintando, com a Mãe
Lourença [...|], e que por vezes exclamava, envaidecida:
- Este Pedro tem cada estrepolia!
E ela própria, na mesma voz mansa, o advertiu:
- Mas não é para isso que teu avo te quer. Pela vontade
dele, tens de ser barqueiro, como ele, como teu pai, como
teu avô. Toda a tua família se fez no mar.
Il)
— O senhor devia por o seu rapaz na Marinha Mercante —
sugeriu Clementino, descansando mais o corpo na borda do
balaústre — Tem mais futuro. Conheço muita gente que tem
feito carreira por lá. [...] Hoje a rapaziada quer viver num
meio maior. E vamos e venhamos, não deixa de ter as suas
razões. Nada como um meio grande. Vive-se a gosto, com
mais conforto. [...]
Mestre Severino, semblante encrespado, cortou a
conversa:
- Guarde os seus conselhos. Já vivi mais que o senhor,
tenho também minhas ideias. Se quer ir num barco a motor,
ainda está em tempo de saltar. Não me faz falia.
MONTELLO, J. Cais da Sagração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
Questão 09
Da fala de Lourença e de Mestre Severino, pode-se deduzir
que há defesa de ideias que comportam
a) necessidade de modernização do trabalho.
b) desejo de ascensão econômica de Pedro.
c) valorização da profissão de barqueiro.
d) progressão social na família.
)
e) exaltação ao conforio.