Leia estes poemas:
POEMA 1
POEMA 2
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto.
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janclas. pálido de espanto
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto.
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “ Amai para entendé-la
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
BILAC, Olavo. Via Láctea XIII. Obra reunida. Organização e introdução de
Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 117.
Ora! — direis — ouvir panelas! Certo
Ficaste louco... E eu vos direi, no entanto,
Que muitas vezes paro, boquiaberto,
Para escutá-las pálido de espanto
Direis agora: - Mas meu louco amigo,
Que poderão dizer umas panelas?
O que é que dizem quando estão contigo
E que sentido têm as frases delas?
E direi mais: — Isso quanto ao sentido,
Só quem tem fome pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender panelas
TORELLY, Aparício - Barão de Itararé. In: SALIBA, Elias Thome. Raizes do riso. São
Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 217.
1. IDENTIFIQUE a relação intertextual que o segundo poema estabelece com o primeiro.
2. JUSTIFIQUE sua resposta.