Enfim, sabemos que a “história nacional” e a “cultura brasileira” não eram
entidades naturais. E todo o esforço dos homens de letras foi o de transformar
determinados valores, personagens, sentimentos e acontecimentos em tradições
que deveriam por sua vez ser experimentadas e guardadas como entidade
natural. Se essas tradições correspondiam ou não à verdade dos
acontecimentos não importa, nem constitui uma questão, na medida em que elas
não visavam a descrever uma realidade, mas sim conferir-lhe um sentido, bem
como produzir a solidariedade social e viabilizar um projeto coletivo, de nação e
de República.
DANTAS, Carolina Vianna. Cultura história, República e o lugar dos descendentes de africanos na
nação. In: ABREU, Martha; SOIHET, Rachel e GONTIJO, Rebeca (orgs.). Cultura política e leituras
do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 245
(Adaptado).
A transição para a República, no Brasil, também foi marcada por “batalhas de
memórias e pela criação e recriação de mitos políticos entre os grupos políticos que
procuravam afirmar seu poder. Esta dimensão simbólica pode ser ainda exemplificada
pela forte expansão do positivismo que pode ser exemplificada pelo grande número de
igrejas positivistas na cidade do Rio de Janeiro.
pela reabilitação de personagens importantes do período colonial que eram
identificados com a causa republicana, como Tiradentes.
pelo esvaziamento das forças militares responsáveis pela Proclamação, cada vez mais
vistas como retrógradas e incapazes de promover o republicanismo.
pelo afastamento ideológico em relação aos países do continente americano, os quais,
com exceção dos Estados Unidos, eram vistos como repúblicas frágeis e atravessadas
por conflitos internos.