Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor:
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(Fernando Pessoa Mar Português.
Obra poética, 1960. Adaptado )
Entre outros aspectos da expansão marítima portuguesa a
partir do século XV, o poema menciona
(A) o sucesso da empreitada, que transformou Portugal na
principal potência europeia por quatro séculos.
(B) o reconhecimento do papel determinante da Coroa no
estímulo às navegações e no apoio financeiro aos fami-
liares dos navegadores.
(C) a crença religiosa como principal motor das navegações,
o que justifica o reconhecimento da grandeza da alma
dos portugueses.
(D) a percepção das perdas e dos ganhos individuais e coleti-
vos provocados pelas navegações e pelos riscos que elas
comportavam.
(E) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as diferen-
gas entre os oceanos, que os levou a confundir a América
com as Índias.