(...) Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.101.)
Então apareceu o Lobo Neves, um homem que não era mais esbelto que eu, nem mais elegante, nem mais
lido, nem mais simpático, e todavia foi quem me arrebatou Virgília e a candidatura... (...) Dutra veio dizer-
me, um dia, que esperasse outra aragem, porque a candidatura de Lobo Neves era apoiada por grandes
luências. Cedi (...). Uma semana depois, Virgília perguntou ao Lobo Neves, a sorrir, quando seria ele
istro.
- Pela minha vontade, ja; pela dos outros, daqui a um ano.
Virgilia replicou:
- Promete que algum dia me fará baronesa?
- Marquesa, porque serei marquês.
Desde então fiquei perdido.
(idem, p 138)
(..) Virgília deixou-se estar de pé; durante algum tempo ficamos a olhar um para o outro, sem articular
palavra. Quem diria? De dois grandes namorados, de duas paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte
anos depois; havia apenas dois corações murchos, devastados pela vida e saciados dela, não sei se em
igual dose, mas enfim saciados.
(idem, p. 76)
a) No romance, Brás Cubas estabelece vínculos amorosos, em diferentes momentos, com Marcela e com
Virgília. Explique a natureza desses dois vínculos, considerando a classe social das personagens
envolvidas.
b) Considerando o último excerto, como o narrador Brás Cubas avalia sua vivência amorosa ao final do
romance?