— Traíste-me, Sem Medo. Tu traíste-me.
(...) |
Sabes o que tu és afinal, Sem Medo? Es um ciumento. Chego a
pensar se não és homossexual. Tu querias-me só, como tu. Um
solitário do Mayombe. (...) Desprezo-te. (...) Nunca me verás atrás
de uma garrafa vazia. (...) Cada sucesso que eu tiver, será a paga
da tua bofetada, pois não serei um falhado como tu.
Pepetela, Moyombe. Adaptado.
— Peço-te perdão, Sem Medo. Não te compreendi, fui um
imbecil. E quis igualar o inigualável.
Pepetela, Moyombe.
Esses excertos de Mayombe referem-se a conversas entre as
personagens Comissário e Sem Medo em momentos distintos
do romance. Em | e Il, as falas do Comissário revelam,
respectivamente,
(A) incompatibilidade étnica entre ele e Sem Medo, por
pertencerem a linhagens diferentes, e superação de sua
hostilidade tribal.
(B) decepção, por Sem Medo não ter intercedido a seu favor na
conversa com Ondina, e desespero diante do companheiro
baleado.
(C) suspeita de traição de Ondina e tomada de consciência de
que isso não passara de uma crise de ciúme dele.
(D) forte tensão homoafetiva entre ele e Sem Medo, e
aceitação da verdadeira orientação sexual do companheiro.
(E) ira, diante do anticatolicismo de Sem Medo, e culpa que o
atinge ao perceber que sua demonstração de coragem
colocara o companheiro em risco.