Leia os versos abaixo, de Gonçalves Dias e Basílio da Gama:
O Gigante de Pedra
(II, Estrofes 5 e 6)
Tornam prados a despir-se,
Tornam flores a murchar,
Tornam de novo a vestir-se,
Tornam depois a secar;
E como gota filtrada
De uma abóboda escavada
Sempre, incessante a cair,
Tombam as horas e os dias,
Como fantasmas sombrias,
Nos abismos do porvir!
E no féretro de montes
Inconcusso, imóvel, fito,
Escurece os horizontes
O gigante de granito.
Com soberba indiferença
Sente extinta a antiga crença
Dos Tamoios, dos Pajés;
Nem vê que duras desgraças,
Que lutas de novas raças
Se lhe atropelam aos pés!
Gonçalves Dias
Com base na análise dos versos acima e na leitura integral de O Uraguaie de Os últimos cantos, considere as seguintes
afirmativas:
A Tempestade
(Estrofes 1-4)
Um raio
Fulgura
No espaço,
Esparso
De luz;
E trêmulo
E puro
Se aviva,
S'esquiva,
Rutila.
Seduz!
Vem a aurora
Pressurosa,
Cér-de-rosa,
Que se cora
De carmim;
À seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Têm desmaios,
Já por fim.
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fronte,
E o prado e o monte
E océueo mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores
Que entre verdores
Se vê brilhar.
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! Vede a procela
Infrene, mais bela,
No ar s'encapela
Já pronta a rugir!
Gonçalves Dias
O Uraguai
(Canto IV, v. 30-52)
Assim quem olha do escarpado cume
Não vê mais do que o céu, que o mais lhe encobre
A tarda e fria névoa, escura e densa.
Mas quando o sol, de lá do eterno e fixo
Purpúreo encosto de dourado assento,
Co'a criadora mão desfaz e corre
O véu cinzento de ondeadas nuvens,
Que alegre cena para nossos olhos! Podem
Daquela altura, por espaço imenso,
Ver as longas campinas retalhadas
De trêmulos ribeiros, claras fontes
E lagos cristalinos, onde molha
As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales
E arvoredos copados e confusos,
Verde teatro onde se admira quanto
Produziu a supérflua Natureza.
A terra sofredora de cultura
Mostra o rasgado seio; e as varias plantas,
Dando as mãos entre si, tecem compridas
Ruas, por onde a vista saudosa
Se estende e se perde. O vagaroso gado
Mal se move no campo, e se divisam
Por entre as sombras da verdura, ao longe,
As casas branquejando e os altos templos.
Basílio da Gama
1. Embora as “Poesias Americanas” tenham alcançado grande destaque nas leituras posteriores da obra de
Gonçalves Dias, em Últimos Cantos elas ocupam um espaço menor do que o conjunto das outras duas partes:
“Poesias Diversas” e “Hinos”.
No poema “O gigante de pedra”, é a montanha, da sua altura, quem assiste aos acontecimentos da história. Os
versos acima citados de O Uraguai, por sua vez, adotam a perspectiva do olhar humano para descrever a natureza
O hino “A tempestade” recria em seus versos os efeitos do fenômeno atmosférico que deslumbra o poeta. Nas
três estrofes citadas, podem-se perceber os recursos poéticos utilizados: métrica crescente, esquema de rimas
diferente a cada estrofe, adjetivos e verbos que vão do claro ao escuro, do tranquilo ao agitado.
A reiteração sonora do verbo “tornar”, na mesma posição dos versos iniciais da estrofe 5 de “O Gigante de Pedra”,
marca a variação das estações do ano, sendo que a mesma característica é atribuída à montanha na estrofe
2.
que se descortina do alto de uma montanha.
3.
4.
seguinte e ao longo de todo o poema.
5.
A partir de acidentes geográficos de localização precisa, a cadeia de montanhas localizada na atual cidade do Rio
de Janeiro e o rio Uruguai, localizado na fronteira sul do país, “O Gigante de Pedra” e O Uraguai narram um
episódio específico e datado da história brasileira.
Assinale a alternativa correta.
ooo
ee ee ee ee ee”
(D
Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
Somente as afirmativas 4 e 5 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2,3 e 4 são verdadeiras.
As afirmativas 1, 2,3, 4 e 5 são verdadeiras.