Nas últimas décadas, a Amazônia tem
desempenhado o triplo papel de fronteira
demográfica, econômica e geopolítica, atraindo
investimentos, interesses e um grande número
de pessoas de outras áreas do Brasil. Esses
aspectos têm provocado um continuo processo
de reorganização do espaço regional e local.
Considerando a dinâmica da circulação espacial,
este processo pode ser dividido em dois
períodos: a fase anterior e a posterior às
rodovias. Neste contexto, é verdadeiro afirmar
que, quanto à rede urbana, na segunda fase,
ocorreu:
O a diminuição da importância de cidades
localizadas às margens das vias fluviais e
distantes das rodovias, com a implantação
destas, houve uma certa retração de
centros urbanos tradicionais, dependentes
unicamente da circulação fluvial e situados
em espaços pouco influenciados pela
dinâmica econômica recente do estado a
exemplo de Santarém, que dependia e
ainda depende exclusivamente da circulação
através dos rios da bacia do Tapajós.
O o surgimento e crescimento de cidades ao
longo das rodovias, novos espaços de
circulação de grande importância intra-
regional e, por outro lado, núcleos urbanos
já existentes se consolidaram pelo papel
que passaram a exercer com suas
atividades econômicas e também por se
tornarem espaços de apoio à mão-de-obra
móvel e polivalente, necessária à nova
realidade do estado, a exemplo de Marabá,
uma das médias cidades importantes do
Pará.
O uma reconfiguração, antes estruturada
principalmente em função das vias fluviais,
no chamado padrão várzea-rio, passou a ter
uma nova configuração, surgindo cidades
intermediárias e de porte médio, que se
consolidaram a partir dos fluxos rodoviários,
que substituíram totalmente, mesmo nos
lugares mais interioranos, a circulação
antes restrita aos rios e igarapés.
O intensa retração demográfica e econômica
em cidades mais antigas com predomínio da
prática de atividades — tradicionais,
basicamente o extrativismo vegetal, a
exemplo da maioria dos núcleos urbanos do
arquipélago do Marajó, que tinham como
sustentáculo econômico a exploração da
seringueira (hévea brasiliensis), atividade
próspera até a fase de implantação dos
eixos rodoviários de integração nacional.
O uma multiplicação de pequenos núcleos
urbanos que, além de estarem localizados
às margens de importantes rodovias,
tinham/têm sustentação econômica
baseada na atividade garimpeira, tendo
estes núcleos surgido a partir de
acampamentos de garimpeiros, como é o
caso de Curionopólis, Eldorado do Carajás e
Ourilândia do Norte, que possuem destaque
nacional na produção aurifera.