Atente para o seguinte excerto, em que o
autor, discutindo a significação social do filme,
identifica a liquidação do valor da tradição e a
deteriorização do que chamava de aura,
característica das obras de arte do passado:
“... à técnica reprodutiva desliga o reproduzido
do campo da tradição. Ao multiplicar a reprodução,
ela substitui sua existência Única por uma existência
massiva. E, na medida em que ela permite à
reprodução ir ao encontro do espectador em sua
Situação particular, atualiza o reproduzido. Ambos
os processos levam a um abalo violento do que é
transmitido — um abalo da tradição, que é o outro
lado da crise e da renovação atuais da humanidade.
Ambos se pôem em uma relação intima com os
movimentos de massa de nossos tempos. Seu
agente mais poderoso é o cinema”.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica. L&PM Editores.
Edição do Kindle. Paginação irregular.
Considerando o trecho acima e o que diz Benjamin
em seu mais famoso texto, é correto afirmar que
A) no que se refere ao processo de criação
artística, há uma mudança substancial com o
desenvolvimento das modernas técnicas de
produção; a novidade é a popularização das
obras de arte do passado e seu oferecimento as
massas sedentas por cultura.
B) a produção artística do passado e a produção e
reprodução técnica do mundo contemporâneo,
embora substancialmente distintas, preservam
o conceito grego de mimesis — representação -
em sua inteireza; a diferença estaria no caráter
massificador das obras de arte
contemporâneas.
C) para Benjamin, a sala de cinema pode ser vista
como a representação atualizada do conhecido
mito da caverna, de Platão. O cinema e sua
imensa capacidade técnica teriam transformado
o processo de ilusão e aparência muito mais
convincentes.
D) o cinema, por ser uma arte dependente da
técnica, representa uma forma de arte sui
generis, oposta à arte tradicional: se a obra de
arte da tradição é imitação, cópia da realidade,
o cinema é ele mesmo uma nova realidade em
si, autônoma e independente, que cria uma
segunda realidade.