“Mas aqueles, varões, são mais hábeis — os que, se encarregando da educação da maioria de vocês desde meninos, tentavam
convencê-los e me acusar de algo ainda mais não verdadeiro: de que há um certo Sócrates, homem sábio, pensador das coisas
suspensas no ar, e que tem investigado tudo o que há sob a terra, e que torna superior o discurso inferior.
[...] Depois, esses acusadores são muitos e têm me acusado já faz muito tempo, falando junto a vocês, além do mais, naquela
idade em que mais seriam convencidos (alguns de vocês eram meninos ou adolescentes), simplesmente acusando de forma
isolada — sem que houvesse defesa. [...] E todos que, servindo-se da inveja e da calúnia, tentavam convencê-los, mais os que,
uma vez convencidos eles mesmos, iam convencendo outros — todos esses são os mais inacessíveis, pois não é possível fazer
subir aqui nem refutar a nenhum deles; simplesmente é imperioso bater-se como que com sombras ao se defender e refutar
sem que haja resposta.
Aceitem então vocês também, segundo estou lhes dizendo, que se repartem em dois meus acusadores — de um lado os que
me acusaram há pouco, e de outro os que há tempos (dos quais eu estava falando)”.
(PLATÃO. Apologia de Sócrates. Trad. André Malta. Porto Alegre: LP&M, 2016, p. 67-68.)
A partir da citação acima e de outros trechos da obra, responda: em quais categorias Sócrates divide seus acusadores?
Que categoria de acusadores Sócrates considera a mais temível e que razões ele apresenta para embasar seu
diagnóstico?